O papel das enzimas e dos fatores de crescimento na Patigênese da Osteoartrose
O Condrócito, tem um papel importante no processo Patofisiológico do aparecimento da Osteoartrose. Dentro deste, outras células como o sinoviócito, (que compõe a cápsula sinovial), também interferem neste processo, com a liberação de enzimas (proteínas solúveis) e seus pares inibidores, os quais, podem ser agonistas de receptores ou inativadores enzimáticos. Outros fatores, como o grupo de hormônios do crescimento (Somatotrofina e Somatomedinas), além dos fatores oncogenes (desestabilizadores do metabolismo protéico), também participam ativamente neste desequilíbrio.
Todas estas substâncias possuem habilidades de degradação e síntese de cartilagem, sendo que, o desequilíbrio entre estas ações culmina com a instalação da OSTEOARTROSE (OA).
Estas substâncias, que possuem capacidade de degradação e neo formação, compõem-se de metaloproteases da matriz e citocinas proinflamatórias, que contribuem com a degradação da cartilagem. Do outro lado, temos como geradores de cartilagem, as metaloproteinases tissulares, citocinas inibidoras, fatores de crescimento e os fatores oncogenes.
Processo de degradação (catabólicas)
Metaloproteinases da matriz (MMPs)
Citocinas - próinflamatórias
Mecanismo reparador (anabólico)
Fatores de crescimento
Fatores Oncogenes
MMPs - Metaloproteinas da Matriz
Secretadas por células sinoviais e condrócitos, estas substâncias parecem iniciar o processo de degradação da cartilagem na OSTEOARTROSE(OA). A colagenase, a gelatinase e a estromelisina-1, são enzimas que interagem com os componentes da cartilagem, existindo certa especificidade quanto a degradação, e quanto ao seu arranjo químico.
A síntese de MMP tem sua ativação em vários níveis. Uma vez ativadas e em condições normais, também são ativados os inibidores de MMP derivados do plasma (a 2 - macroglobulina) e, também, o inibidor tissular da MMP (TIMPs - Inibidor Tecidual das Metaloproteases), ambos secretados pelas células sinoviais e condrócitos.
O que caracteriza a OSTEOARTROSE(OA), é o aumento da síntese e liberação das MMPs , sem o correspondente aumento de seus inibidores, predominando, com isso, a degradação cartilaginosa.
Citocinas
Interleucina-1 (IL-1)
Esta citocina (IL1) é a mais importante no processo de instalação do foco inflamatório. Uma vez liberada, induz as células sinoviais e o próprio condrócito a produzirem as MMPs, além de prostanóides inflamatórios (prostaglandinas). Outro ponto de destaque, é o fato de que a IL-1 deprime as tentativas de reparação da cartilagem articular, inibindo a síntese do colágeno tipo II e dos proteoglicanos; impedindo, ainda, a ação dos fatores de crescimento de transformação beta (somatomedinas), cujo principal é a TGFBeta, que impedem a proliferação dos condrócitos.
A IL-1 também aumenta a produção do óxido-nítrico, o qual induz a apoptose (desarranjo estrutural) dos condrócitos.
Em condições normais, a IL-1 é antagonizada por um agonista de receptor que, uma vez inibido, reduz a produção desta IL-1 equilibrando o processo. No caso da OSTEOARTROSE (OA) isto não ocorre, e a degradação tem predomínio por aumento da IL-1 ou declínio do agonista.
Hormônio de Crescimento
Fatores de Crescimento
Oncogenes
As Somatomedinas locais participam da remodelação da cartilagem mediando somente a reparação. Dentre as somatomedinas tissulares da cartilagem articular, acredita-se que o mais efetivo parece ser o TGF Beta, agindo diretamente no condrócito, estimulando sua duplicação, agindo também, mesmo na célula já envelhecida. Além da duplicação, este fator parece induzir metabolicamente o condrócito, podendo ainda ter mediação dos hormônios tireoidianos na síntese de colágeno e proteoglicanos, contrabalançando os seguintes mecanismos de degradação:
Inibe a degradação pelo "down-regulation" (efeito agonista) no receptor da IL-1;
Aumenta a liberação de agonistas dos receptores da IL-1;
Aumenta a expressão do TIMP ( Inibidor Tecidual das Metaloproteases)
Outros fatores, como o fator de crescimento insulina-like (IGF-1), o fator de crescimento básico do fibroblasto (b-FGF), proteínas oncogênicas (c-MyC, c-FOS e c-JUN) e o bcl-2 tem sido evidenciados na cartilagem osteoartrósica, sem contudo, ser definido claramente seus papéis no processo.
Resumo:
Osteoartrose / Osteoartrite
Predomínio da Degradação cartilaginosa
- MMPs - aumento da produção.
- Citocinas proinflamatórias (IL-1) - liberadas em grande quantidade.
- Inibição em baixa quantidade de Somatomedinas ( Fatores de crescimento tissulares) e os Inibidores MMPs (TIMPs) e citocinas.
Graças a estudos in vitro com cultivos de condrocitos normais e artrósicos e, graças aos atuais modelos experimentais de osteoartrose em animais, os pesquisadores começam a desvendar os mecanismos celulares e bioquímicos desta patologia.
Somente deste modo, poderemos visualizar novas perspectivas de tratamentos mais efetivos, adquirindo novos conhecimentos para diagnósticos mais precisos, tanto qualitativos como quantitativos.
As pesquisas nesta área aumentam a cada dia pois o caminho parece ser promissor.
Somente um especialista atualizado, poderá lhe mostrar o que é melhor para o seu estágio da doença.
Consulte o seu especialista e se informe.
Dr. Antonio Carlos Novaes (Reumatologista)
Assistente Estrangeiro da Fac. de Med. de Paris